17 de junho de 2012

O Canal Saint-Martin, em Paris: Um exemplo de recuperação de uma área urbana degradada.


O Canal Saint-Martin é, hoje, um dos melhores lugares de Paris. Em geral não é considerado como um dos grandes pontos turísticos da cidade e nem está na maioria dos guias, mas, podem acreditar, é um ponto que vale a visita. Esquecido pelos turistas, é um lugar de convívio dos habitantes da cidade, que afluem, nos finais de semana, para passear, conversar, andar de bicicleta, ler e, simplesmente, estar.


E nem sempre foi assim. Nos anos 1970 era apenas um canal, como os de Belém, para onde confluiam centenas de esgotos. Uma vala fétida, quase sem água. Parte dele estava coberto por ruas. Outra parte, escondido por muros e cercas.


O Conselho Municipal decidiu autorizar a construção, pela Prefeitura, de uma via expressa, com quatro pistas, sobre essa área. E canal estava condenado.


E então a população se mobilizou e exigiu um projeto de recuperação ambiental. E também se opôs à via expressa. Um plano de recuperação do espaço foi, então, executado.


Atualmente é possível pecorrer os dois quilômetros do canal, desde seu encontro com o rio Sena, no porto de Plaisance, Arsenal, até o parque de La Vilette. O passeio é oferecido pela empresa Canauxrama, que possui dois barcos, o Arletty e o Marcel Carné.


O canal possui 9 eclusas e duas pontes móveis, denominadas Pont Dieu e Pont des Granges aux Belles. Uma parte do percurso se dá num túnel subterrâneo, construído ainda no tempo de Napoleão III, em 1862, quando o famoso barão Haussmann era o prefeito de Paris.


A recuperação do Canal Saint-Martin é um exemplo de como se pode restaurar, com funcionalidade, respeito ao meio-ambiente e sensibilidade áreas urbanas degradas.


Imaginem uma cidade como Belém, com tantas bacias fluviais, como não poderia se tornar uma cidade mais bela e melhor para se viver se recuperasse seus canais.


E, mais ainda, se utilizasse seus canais para melhorar o transporte público. Imaginem só: daria para sair de Icoaracy de barco e chegar, pelo canal da Tamandaré, até o Largo da Trindade, a uma quadra da Praça da República! Ou sair da UFPA e chegar até a avenida Júlio César, a quinhentos metros do aeroporto, atravessando a bacia do Una. E tudo isso sem usar ônibus ou carro!






Imagens de joriavlis.

Um comentário:

  1. Ótima ideia, professor. Fico imaginando Belém aproveitando melhor seus numerosos canais. Hoje parecem valas, mas podiam se tornar espaços de transporte e de lazer.

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