A Belém que completa 397 anos está quebrada,
esgotada e humilhada. A prefeitura que termina, reconhecida pela opinião
pública – da esquerda à direita, do Psol e do PT mais crítico aos tucanos mais
cínicos e peemedebistas mais egoístas – como a pior de toda a história da
cidade. A prefeitura que começa o faz sob maus augúrios e passos tortos, com as velhas práticas de nepotismo.
Um Plano Belém 400 Anos é urgente. Sem maiores pretensões, penso que os pontos
centrais:
1. Belém tem que se pensar
metrópole, se pensar para 15, 30, 50 e 100 anos. Chega de visões acanhadas. Chega
de remendar, de tapar buracos. Precisamos de ousadia. Queremos um projeto
incrível, inimaginável hoje. Um projeto que nos surpreenda por pensar Belém
como uma das grandes metrópoles da América Latina, a partir do conceito de
Belém-capital.
2. É preciso superar o paradigma
da saída única, a BR. Belém precisa crescer na direção de Barcarena, porque é
lá que está o capital: a ZPE (que o governo do PT instalou e o governo Jatene
abandonou), a Albrás-Alunorte, várias outras empresas e, brevemente, a ferrovia
Norte-Sul. Urge projetar uma nova via – Manaus o fez sobre o Rio Negro, muito
mais complexo que o Guamá... A “alça viária” não é uma solução, mas,
simplesmente, uma via auxiliar.
3. É urgente pensar na superação
do caos absoluto nas condições de habitação de Belém. Precisamos construir bairros planejados, com moradias dignas, com acesso a esgoto e água, servidas por transporte público e servidas por escolas e postos de saúde. Isso não pode ser feito na BR. É preciso ir
na direção sul, direção de Barcarena.
4. É fundamental pensar num
transporte metropolitano eficaz, associando trem e rios. Vamos nos lembrar que a velha Estrada de Ferro
de Bragança equivaleu a isso, na mesma medida em que o excelente sistema de bondes
da cidade equivaleu a um sistema de transporte municipal. O Governo Brasileiro
os anulou. Justo que pague por isso. Precisamos de um trem de periferia, com
uma linha ligando Belém a Castanhal e com outra ligando Belém a Barcarena.
5. De quebra, precisamos de um
sistema de transporte municipal eficaz. Todo BRT é provisório. No máximo, é
complementar. Para uma cidade grande como Belém, é preciso trilho. Trem. E, é óbvio, aproveitar o sistema de rios e canais da cidades. O
Governo Federal tem obrigação de financiar esse sistema.
6. É preciso distribuir o
comércio. O atual comércio ocupa o centro histórico. É preciso distribuí-lo,
polariza-lo. O poder público deve criar zonas comerciais no quadrilátero
central (ver item 7), na Cabanagem, em Ananindeua e em Icoaraci.
7. O centro da cidade se
descolocou. A tendência é que ele siga na direção da Almirante Barroso,
formando um quadrilátero que tem seus limites nas seguintes vias : 1o
de Dezembro (ops, JP II), Pedro Miranda, Humaitá e Dr. Freitas. Esse é o
quadrilátero central, a zona que, sem deixar de ser residencial, deve receber
bancos, comércios, empresas e escritórios. Temos que inventar esse
quadrilátero: dotá-lo de um sistema de transportes ágil e interliga-lo
rapidamente aos subúrbios.
8. O centro histórico é
constituído pelos bairros da Cidade Velha, Comércio, Campina e Reduto, bem como
por partes de Nazaré e Batista Campos. É preciso protege-lo. Sem ele Belém não
tem identidade. Com ele, Belém se projeta para o futuro. Necessário
recuperá-lo, mas isso passa por torna-lo habitável, por criar condições de
moradia nesses espaços.
9. Toda transformação necessita de
um cuidado triplicado, com o meio ambiente. É preciso crescer na
direção de Barcarena de maneira responsável, protegendo o ecossistema insular.
É preciso proteger o rio Maguary, o rio Guamá e os lagos Utinga e Água Preta.
10. O caráter de Belém passa pelas praças públicas. A praça, o parque, é
a praia do belemense. Veja-se as praças da República e de Batista Campos, bem
como o Goeldi e o Bosque. Imagine-se espaços semelhantes criados nos bairros,
nos subúrbios, no municípios da região metropolitana.
Olá Fábio. Que bom que vc reabriu os blogs! Gostei muito dos pontos que vc levanta aqui. Singelos, mas com uma objetividade imensa. O ponto 2 é fabuloso: "Belém precisa crescer na direção de Barcarena, porque é lá que está o capital" é uma síntese que devia ser ouvida pelos nossos governantes. Grande abraço!
ResponderExcluirSe nossos governantes tivessem um mínimo de visão de futuro Belém teria potencial para se tornar uma cidade inclusiva e maravilhosa. O problema é que eles só conseguem enxergar como obstáculo o que poderia ser visto como potencial, como os rios e as ilhas.
ResponderExcluir